24/02/2016

#D.E 04 - O que aprendi com Consignado e Parcerias


Faz exatamente um ano que me lancei como escritora publicada. Deixei de ser somente virtual e passei a correr atrás daquilo que me satisfaz tentando tornar isso em minha renda e, quem sabe, viver disso um dia. Quem não quer viver do que ama? Mas as coisas que aprendi em 2015 foram espaçadas e à longo prazo. É por isso que não atualizo muito esse blog, mas hoje eu vou falar, falar muito. Estou chateada o suficiente para vir desabafar sobre estes dois pontos e se você não está com saco para ler tudo agora, sugiro pausar na metade e voltar depois. Se for escritor(a), esse texto pode lhe ser útil.
Enfim, vamos do principio.
Ontem eu postei no meu face pessoal (evito postar essas coisas na fanpage) sobre como essa semana eu passei pois dois pólos. O mais legal é notar que a semana nem começou direito.

Essa semana eu passei por duas experiências como escritora.A primeira foi muito boa, que é em relação ao meu livro...
Publicado por Taty Lima em Segunda, 22 de fevereiro de 2016
Uma coisa que aprendi desde muito nova e levo para a vida, é que a gente erra uma vez para aprender, mas permanecer no erro sabendo que nada vai mudar, é burrice. Por isso, espero que entendam minha chateação e espero que nenhum profissional da área leve para o lado pessoal. Esta foi a minha experiência e é só sobre ela que posso falar.
Vamos entender, primeiro, o que é Parceria e o que é Consignado, na prática. Chega de teoria, certo?

PARCERIAS

Eu trabalho como parceira de ambos os lados, conheço as responsabilidades provindas de ambos os lados. Como blogueira e como escritora, entendo mais do que a maioria sobre o que é viável, justo e adequado para ambas as partes.
Mas é muito nobre, para não chamar de ingenuidade infinita, pensar que a minoria é um número grande o suficiente para que você não se frustre e que você não dará o azar de encontrar interesseiros... de ambos os lados.
A parceria entre escritores e blogueiros é a mais arriscada para escritores. Isso mesmo. O máximo que o blogueiro vai perder é o seu tempo lendo algo de que não goste, ou ser xingado por não ter postado no prazo prometido. Acontece que nem sempre o blogueiro consegue seguir o cronograma. Acontece que a maioria dos escritores já tiveram o tapete puxado por supostos parceiros que mancham o nome dos blogueiros/vlogueiros literários. Isso mesmo. Se você, blogueiro, recebeu vários nãos de autores, saiba que é pela reputação da sua profissão estar manchada por espertinhos. A solução é só procurar parcerias quando seu blog já estiver estável e isso, bom, isso ninguém disse quer seria fácil e rápido. Se você iniciou essa vida sem condições de comprar material para resenha, recorra aos e-books e bibliotecas da vida.
Mas como hoje vim falar da visão de escritora, vou explicar mais por esse lado.
O livro em questão é Namorados por Coincidência, minha primeira publicação. Cada exemplar dele me custou R$22,00 + frete total dividido pela quantidade livros comprados. No entanto, embora eu consiga repor esse R$1,00 e algumas moedas quando repasso para o cliente final, eu não posso repor R$3,00 e moedas para o cliente.
Opa! Como assim R$3,00? Que frete caro é esse, Taty?
A minha primeira remessa foi de 50 exemplares onde paguei R$90,00 de frete. Desses 50, uma parte foi usada para parcerias. Não sei se foram 10 livros, não me recordo agora, pois só tenho anotado 05 e sei que foi mais do que isso. Foram livros e marcadores enviados para resenhas e sorteios.
R$22,00 x 10 livros = R$220,00. O frete não é de responsabilidade do parceiro, então soma-se junto R$5,50 de frete (amém, registro módico existe) quando era só o livro e um marcador. Mas cheguei a pagar R$7,50 quando cedia marcador para sorteio. Cada marcador sai por, aproximadamente, R$0,80.
Nem preciso dizer que esse dinheiro veio do meu bolso, certo? Tive uma ajuda da Greyce, mas paguei todo o resto. Por isso, agora que você sabe quanto custou cada um desses, perdoe-me o palavrão, mas... eu fiquei muito puta com algumas pessoas.
Dos 10 livros impressos enviados, 02 sites publicaram resenha honesta e 01 fez um post de parceria maravilhoso e será o primeiro a resenhar meu novo livro. A Liga dos Betas resenhou por e-book já um tempo depois, também cedido por mim.
A minha falta de experiência não me preparou para esse momento ruim. E não adianta dizer que eu deveria ter pesquisado mais, eu pesquisei, entrevistei e li resenhas de todos os blogs. É algo que simplesmente acontece, mas quando isso acontece com escritores pequenos, o prejuízo não vai só no dinheiro, ele impede que outro blogueiro realmente interessado ganhe a sua chance porque o escritor não tem mais verba para escolher outro.
Desestimulei de parcerias em Agosto, fechando apenas com aqueles que quisessem fazer a leitura digital. Esses são raros e escassos.
Aqui vai uma dica de ouro para você, novo escritor:
Libere o e-book na Amazon, Saraiva ou onde for..., gratuitamente por tempo limitado depois de ter selecionado os resenhistas. Selecione apenas aqueles que realmente querem ler, e que não se importam em ler a versão digital. Nem que fique gratuito só por um dia para que eles baixem, mas você não ficará no prejuízo, só na expectativa.
A experiência que tive, como escritora, com parcerias foi bem traumática. Agora só mando impresso para parceiros que me ajudam mesmo e que realmente querem ler. Você nota isso, você nota a vontade da pessoa. Não vá no desespero e agonia, tenha paciência.

Mas quais são as vantagens de parcerias com blogs literários? 

As vantagens é que ele vai avaliar sua obra e dizer para as pessoas se ela é boa ou ruim. Ele também vai servir de analista do produto, pois, hoje em dia, sempre que não conhecemos sobre algo a gente pesquisa no Google. Se você pesquisar por Namorados por Coincidência no Google, algum parceiro meu vai aparecer. A outra vantagem é que ele te divulga e te apoia. A principal vantagem é que isso te dá um gás para continuar, pois alguém reconheceu seu trabalho de tal forma que resolveu expor sua opinião sobre. Exceto se seu livro não agradar, então não espere muita coisa.

CONSIGNADO

Consignado é quando você deixa seu produto em uma loja sem receber nada... não à curto prazo. Ao deixar seu produto na loja nessa modalidade, você vai combinar um valor com o proprietário de quanto quer receber pela venda do produto e o vendedor vai vender por um valor mais caro para que a loja tenha algum lucro para compensar o espaço cedido.
Nessa modalidade, você não tem uma previsão de quando vai receber. Ou combina um prazo, ou deixa lá até vender.
Nesses casos é preciso existir um acordo pré combinado entre a loja e o fornecedor sobre valores, tempo, modalidade de venda, condições e etc.
No mundo da literatura, consignado pode ser o maior erro da sua vida.
Sério, não faça. Só faça isso se você achar que vai mesmo vender.
E seja realista, não é porque é seu e porque você vendeu alguns por aí sem ajuda, que na loja ele vai conseguir sair.
A venda de um livro não conhecido depende de muitos fatores. entre eles nós temos:
  1. Capa;
  2. Impressão;
  3. Sinopse;
  4. Lábia do Vendedor.
Por mais que você não goste do 4° item, entenda que o livro se torna um produto e que você passa a ser vendedor dele. A maioria dos vendedores são persuasivos e esses são os melhores. Se você vendeu metade da sua remessa sem ajuda de vendedores experientes, então você é uma pessoa que pode se sair bem seguindo pelo mesmo caminho.
Mas é aqui que entra a dura realidade: Só você se importa se o livro vai vender ou não.
No consignado a loja não sente nenhuma obrigação de vender o seu livro. Doeu, né? Eu sei, dói em mim também, mas demorou para eu perceber isso.
Acontece que a loja não pode vender muito além do valor original ou ninguém compra. Para isso, você precisa dar um desconto no livro e a loja ainda decide se vai acrescer o valor final. Nisso, raramente ela terá um ganho maior de R$8,00 no exemplar. Esse valor é muito, mas muito maior do que milhares de escritores independentes estão acostumados a ganhar, mas para a livraria, essa margem de lucro é baixa e não custeia os gastos que ela tem com a loja.
É levando isso em consideração, de que ela não comprou seu livro, e de que ela está com muitos outros empacados na prateleira, então porquê deveria dar atenção redobrada para o seu? A maioria dos vendedores acreditam que o autor deveria agradecer só o fato de estar na estante.
Seu livro não é digno de vitrine e nem de ficar na estante próxima da porta. Ele vai ficar lá no cantinho, no espaço em que ninguém olha. O motivo é óbvio, os melhores espaços são dos livros que a livraria sabe que vendem. Modinha ou não, best-seller ou não, lançamentos de escritores renomados ou não, se vendem, é no destaque que precisam ficar.
Compreenda, seu livro não vende ainda. Não aos olhos da livraria.
Mesmo assim, a esperança é a última que morre e você deixa lá, sabendo dos riscos. Mas nunca, jamais, em hipótese alguma você espera que a falta de zelo com o material deve ser uma das coisas com as quais você deve se preocupar... ou não, né? Afinal, talvez faça parte da lista de riscos.
Essa falta de preocupação me decepcionou ontem. E parece que foi algo predestinado para que eu não me sentisse um fracasso de escritora, porque no mesmo dia meu mais novo lançamento estava alavancando no Top 100 dos mais baixados gratuitamente na Amazon. Enquanto Segredos me dava alegria por estar entre o Top 20 (no horário em que do ocorrido), Namorados me fez me sentir frustrada e um nada.
Embora NPC esteja avaliado com 4,8 na nota geral do Skoob, eu ainda tive que lidar com os exemplares que sobraram da última remessa e que ainda levam a logo da Editora Lâmpada, mas que não tenho mais contrato.
O desejo de sair por aí para vender o que sobrou afim de arranjar dinheiro para comprar os novos livros do meu mais novo lançamento, só amuaram.
Segunda-feira foi um dia de semana bastante conflitante.
E não adianta você pensar que é assim mesmo, que isso acontece, que a gente tem que entender e saber lidar. Na teoria, é muito fácil dominar esse sentimento, mas na prática, ele te corrói por dentro.
E o que me fez entrar nesse conflito, você deve estar querendo saber. Não vou te privar da informação mais.
Ontem fui ao sebo buscar meus livros. Eu sabia que não havia vendido, até tinha pegado um dos três que eu deixei lá, mas o dono não sabia do paradeiro de um e o outro... o outro vocês podem conferir logo abaixo. Para ver melhor, clique na primeira:

Se fosse questão de qualidade de impressão, então um que tenho que aqui deveria estar do mesmo estado, mesmo sem plástico durante o mesmo espaço de tempo, mas:

Até minha mãe ficou indignada, ela dizia para ele que o livro tinha sinais claros de que foi lido e maltratado, mas ele continuava dizendo que não foi vendido e nem trocado. De todos os três livros, só vi dois. Um está em perfeito estado, o outro sabe Deus em que lugar está agora e o último é esse da foto. Ele não se responsabilizou por nada. 
Disse que era um sebo e que em sebos não se pode responsabilizar pela qualidade e conservação. Eu tentei entender esse lado, juro que tentei porque, de fato, ele recebe várias pessoas por dia e elas podem ter estragado meu livro. Mas acho que está bem claro que ele não está em condições de ser revendido, não é? Expus isso para ele, falei quanto paguei pelo livro e ainda perguntei se ele, como uma pessoa leiga sobre livros, iria querer comprá-lo se me visse oferecendo na rua. A resposta foi não. 
Minha decisão foi simples: Quero meu outro livro, e esse aqui não tem como eu vender. Então me dê outro livro em troca. Mas veio a resposta automática de que ele não poderia fazer isso. A troca de livros, qualquer livro (novo ou usado) é dois por um. Ou seja, não basta ter sumido com um, me enrolado meses para deixá-los disponíveis para que eu pudesse buscar e ter fodido com o outro, eu teria que deixar ele e o sumido lá para ter direito de um livro USADO. Veja bem, dois novos por um usado. Dois produtos que deixei para venda, por um que ele trocou em algum momento. Como vendedora, me senti muito puta, como escritora... me senti humilhada
No fim das contas, trouxe meu coitado livro maltratado para casa e trouxe outro exemplar qualquer no lugar. Peguei o primeiro que vi depois que ele notou que eu não iria largar o osso. Sabe o que mais me indignou? Foi a troca de dois por um. R$60,00 por R$30,00 com acréscimo de lucro, pois todos nós sabemos que livro usado em sebo possui um acréscimo. 
Minha mãe, que percebeu como eu estava nervosa, não jogou na minha cara sobre o meu erro (como toda mãe costuma fazer), saímos de lá e ela fez piada sobre alguma outra coisa de momento, e foi por causa dela que não chorei na hora (de raiva e humilhação). 

E é isso. Esse textão é o meu desabafo. Espero que tenha servido para você o tanto quanto serviu para mim, pois agora me sinto mais aliviada por desabafar.
O diário de escritora vai continuar em forma de texto aqui ou no canal do Manias. Caso queira acompanhar essa trajetória, já sabe, é só me seguir aqui ou nas redes sociais.
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